3. Biblioteca Pessoal

Há cerca de cinco anos venho planejando fazer um catálogo das obras que me vieram servindo de referência ao longo de minhas pesquisas autodidatas, mas sempre esbarrei no rigor metodológico que me impunha. ¿Sigo ou não as regras da ABNT? E titubeva, na intenção de fazê-lo sob critérios oficiais, pois muitas vezes utilizo minha própria (e modesta) “coleção de livros”, que não ambiciono nomear “biblioteca”, como fonte de referenciamento teórico, e de muitas citações em ensaios e rabiscos. FInalmente, vou aproveitar o impulso de estar sempre manuseando este blog, para ir lançando paulatinamente os dados.

Tenho aqui cerca de 270 obras, todas lidas a partir de 1995. Abrange, principalmente, temas de Filosofia, Sociologia, Antropologia, alguns de Teologia e História. Cativam-me os assuntos de Humanismo, Socialismo, Globalização, Culturas, Política, Ecologia, comportamento humano e social. Quanto às obras de Direito, e outras de cunho didático, citarei apenas as que oferecerem um conteúdo doutrinário ideologiazado e/ou com valor literário.

Ficam de fora outras 35 obras (!) que emprestei nos últimos quatro anos, e que não foram devolvidas, mais cerca de 100 que não estão mais comigo. Seja porque li e dei de presente, ou tomei em empréstimo, com pessoas e em bibliotecas, li, e devolvi.

Curioso observar a quase ausência de obras ficcionais, com exceção de Kafka, Huxley, Machado de Assis, Alexandre Herculano, Saramago, Camilo Castelo Branco, entre outros menos notáveis, mas com caráter igualmente “clássico”.

Aliás, abomino quase toda literatura ulterior aos anos 90, com exceção, dos bons estudos e biografias atuais. Acho que vivemos um período de transição histórica impróprio à uma literatura verdadeiramente comprometida ou consciente do ser-em-si, apta ao devassamento da “desumanização neoliberalista”. ¿Como ter ângulo suficiente ao mapeamento do poço em que nós próprios estamos engolfados? Existe pouca gente disposta a renunciar os favores hedonísticos do liberalismo, a fim de uma distância segura à boa crítica…

Estou aqui longe do mundo – e não chego a ostentar orgulhos. Estou desde o nascimento fugindo de “domesticar as mídias de massa”, com exceção dos jornais e revistas. Fujo da tv com a mesma avidez que o diabo nela se dissimula… Busco emergir da cotidiana mediocridade; acredito que a tv possa ter lá alguma proveito, mas, se 90% de uma fruta deve ser decartada, ¿por que razão continuaria sendo seu adepto?

Logo aí se vê que há uma certa forma de obcessão “fetichista” na utilidade incondicional que se dá à tal mídia. Considere-se o agravo de que as maiores vítimas da tv são exatamente as pessoas que não tiveram desenvolvido o senso necessário à relativização de suas subliminares “verdades”, e então, esse veículo se chocará frontalmente com o que eu acredito e defendo.

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